segunda-feira, 4 de março de 2013

Silêncio


Não há nada como um lugar calmo e quieto, não há nada como um leve ruido sem qualquer barulho… Um ar estático a ponto de ser cortado apenas por sua presença. Não há nada como se deitar em algum lugar, se sentar em outro, observar algo, no silêncio… Alguma coisa no silêncio faz as ideias fluírem. 
Não importa que tipo de silêncio seja, não importa que tipo de lugar seja, o silêncio irá aparecer em algum momento, e de uma forma estranha você vai conseguir ouvi-lo… Não é o vento, não é sua respiração, não são os batimentos de seu coração e muito menos sua mão tentando alcançar a miragem de sua amada. É o próprio silêncio.
Vagarosamente ele vai penetrar seus ouvidos e suas pálpebras se cairão, até ai você não saberá o que é… Pode ser alegria, pode ser tristeza, pode não ser  nada, mas algo irá começar a mudar em você… Um certo conhecimento sobre algo, um certo medo sobre algo…
Sua cabeça não será mais a mesma, sua respiração também não e nem seu coração… Você vai se moldar à sua maneira, ao seu espirito e você será você de novo… Mas diferente… As coisas não vão mais bastar e o que era bom fica um pouco pior… Saudades de algo que não teve vão bater… Seu paladar vai mudar um pouco… Seu corpo vai mudar…
Mas no fundo você é a mesma pessoa que era antes, apenas relaxou e deixou que o que tinha antes mudasse em questão de segundos… Não pensa mais do mesmo jeito e deixa algumas coisas de lado, que no instante seguinte sente mais falta do que tudo…
De qualquer jeito ficou para o lado, ficou, no que eu costumava dizer, num outro caminho, qual você não cruza mais… Ficou por onde devia seguir, mas ainda tem o mesmo futuro incerto que você… Ficou para trás e como é sumiu de vista.
Você, o mesmo você que fechou os olhos tomou um caminho diferente de você que abriu os olhos e assim seguiram, ambos em seus silêncios agora diferentes… Seguiram para encontrar algum som que satisfizesse, nem que por outros segundos…
O silêncio não te mudou… Você se mudou… E num piscar de olhos você precisava de novos sons.
(Vítor M. F. Santos)